Tite fala muito… em construção de uma nova equipe no Corinthians. Não seria um exagero de linguagem, sobretudo para quem, como ele, gosta tanto de trabalhar com as palavras? Reconstrução já o seria, a meu ver. Mas, talvez, um novo ajuste coubesse melhor.
Afinal, o elenco de que ele dispõe só sofreu duas baixas efetivas – Guerrero e Sheik, até agora. Dois jogadores importantes, sem dúvida, Contudo, de relativa significância na movimentação coletiva do time. A saída de ambos afetou o poder de fogo da equipe, óbvio. Todavia, isso nunca foi o ponto alto do Corinthians, desde quando Tite ainda era treinador da equipe, antes de Mano e passando por ele e pela fase de euforia mais recente até chegar a hoje, novamente com o técnico campeão do mundo.
Mesmo no período de longa invencibilidade neste ano, em que os apressadinhos da mídia passaram a ver no Timão vislumbres do que gostam de chamar de futebol moderno, fruto das conversas do nosso técnico com Ancelotti e cia. bela, aos meus olhos cansados era o mesmo Corinthians: muito bem organizado defensivamente, com as tais duas linhas de quatro, mas pouco produtivo ofensivamente. Ganhava ou empatava quase sempre com placar apertado, tivesse ou não Guerrero e Sheik no ataque.
Cansei de dizer e escrever isso antes, durante e depois da ascensão corintiana nesta temporada: um time altamente eficiente na busca pelo resultado, mas sem brilho, a não ser eventualmente, e de parco poder ofensivo. Ainda quando lá estavam atuando Guerrero e Sheik ou até mesmo quando Danilo substituía um deles e era aclamado como talismã do time.
Portanto, a queda atual do Corinthians para a vala comum dos demais times grandes do Brasil não me surpreendeu nem um pouco.
Pois aquele jeitão de jogar, com marcação cerrada a partir de seu próprio campo, exige extrema concentração por parte dos jogadores, que não podem errar, seja no bote ao adversário, seja no passe inicial – um erro ali pode ser fatal. A mente cansa mais do que as pernas. Chega uma hora em que a turma começa a perder o foco e aí a coisa toda desanda. Como o Corinthians, embora dono de elenco acima da média, não tem aquele jogador que desequilibra, rompe com o estabelecido por meio de um talento especial, tudo fica mais complicado.
Daí, a necessidade de reajustar, reconstruir ou mesmo construir um novo Corinthians.
Talvez, quando Tite fala em construção de um novo time, esteja externado inconscientemente o que está no seu consciente: a suspeita ou certeza de que a defecção corintiana não se restrinja apenas aos dois atacantes ilustres – Guerrero e Sheik.
Isso, talvez, explicasse a permanência no banco de Elias, por exemplo. Sim, porque em situação normal, Tite estaria pedindo à CBF que liberasse Elias, caso ele tivesse se apresentado à Seleção para o amistoso com o México, e não, tendo-o à mão, deixá-lo no banco. Assim como só colocar Danilo em campo já quase no fim do jogo, ele que tantas vezes bem substituiu Guerrero e Sheik.
Meu amigo, tem caroço nesse angu.
Fonte: Alberto Helena